Parece que tudo me foi tomado
Tudo.. Até o fundo...
E isto não digo por desejos de acúmulos
Digo por mirar-me . Porque eu não era esta... Meu rosto abrigava risos Meus olhos ,paraísos...
Decerto que sempre fui meio bicho, Meio monja Ou só um resquício...
Mas esta cor esquecida Mesmo que esmaecida, a mim preservava...
Este meu passo de agora fere-me as solas Quiçá tenha sido este o intento
Quando lançadas foram aos punhados
Estas pedras caladas
Lascadas...
Meu riso morreu faz tempo
E meu olho ressecou nas cinzas,
No vento...
Mas inda dou passo.
Num ritmo sem tento,lento...
Ora eu quem inquire:
E este, que o mundo traz nos lábios ? Este riso que não pertence aos sábios... Este riso vago...
De quê vale ? Devolve pétalas às rosas? Devolve-me as letras amorosas? Minha palma perfumada em pitangas? O dorso lambuzado do sumo de mangas?
Não! Digo que este riso a tudo sepulta E se miradas fossem as ocas faces num caco de espelho Veria-se o mundo e seu olho vermelho Dum choro escondido
Ainda caminho
E olhar pra trás nem é preciso
Trago tudo comigo, As molas nas pernas das calças. A areia rangendo entre os dedos
Os risos
O arroz colorido Os cheiros de domingo...
Mas minhas mãos agora são de pedra Tão duras Tão frias...
Pesadamente eternas...