Hoje marcamos o destino nosso,
Na encruzilhada que nos pôs distantes:
Não mais podemos voltar ao que era dantes,
Ao que era dantes eu voltar não posso.
D’outros caminhos afinal me aposso.
Somos estranhos nós: itinerantes,
Não olhas os meus passos oscilantes,
Sinto-te longe e em nada me alvoroço.
Vou porque vim, sem rumos nem caminhos,
Não sinto mais as chagas dos espinhos,
Não sei para onde vou nem por que vim.
Mas vou fugindo, vou rolando a esmo:
Devo andar à procura de mim mesmo,
Para tão cedo ter chegado ao fim.
(O presente soneto integra a excelente Antologia de J. G. de Araújo Jorge – “Os mais belos sonetos que o Amor inspirou”).
Livro: Rimas antigas, Sonetos e Poemas – Editora Líder pág. 41