A MULTIDÃO
Vejo os delírios escapando das bocas secas por descanso...
Tantos corpos inebriados de pressa, tantos sonhos...
Sufocam toda a luz e toda treva...
O que causa falsa felicidade?
Andam espremidos nas ruas estreitas da louca cidade
Sorvem um do outro o suor e com braços abertos
matam asfixiada a singela liberdade...
Vejo tantos lampejos em olhos moribundos
Buscando na multidão que os empurra
Qualquer coisa que lhes suprimam os desejos oriundos
Loucos insanos em famigerado cortejo...
Esmagados uns nos outros...
mortos- vivos da raça humana...É o que vejo...
Onde vives tu motivação?
O homem solitário é fraco...
E morre quando unido à multidão...
Onde vives tu caridade?
O homem escolheu ser só...
Morre afogado em moedas...
Ou morre em busca delas em um beco escuro da cidade...
Vejo homens dormindo...
Lutando por lutar...
Conquistando por vicio...
E quando existe vazio...
Se matam em injeções e comprimidos...
maquinas ou homens?
Vivem por viver...
Lutam por lutar?
Assim vejo a cidade do alto de minha janela
Todos esmagados uns contra os outros...
Em busca do nada pelo nada...
Quem sabe do amar por amar...