CEDIÇO
Ando no escuro
olhos cravejados
a sombra no muro
ainda sorri
Tenho medo dessa coisa
que inventei em mim
Amanhã, vivo prometendo,
serei feliz
Procuro descansar meus punhais
que nao desencravam da carne
São lâminas de duas faces
uma chora, outra sorri
Decoro textos diariamente
para recita-los aquele
que verei no espelho
o qual não mais reconheço
Sou a fabrica do que fabrico
sem saber da matéria bruta
da obra-prima refletida
Sou a sombra no muro partido
O que ainda suspira
O que espera céptico
tuas unhas meio-enluaradas
aliviando-o das farpas de mim