A MÁQUINA DO MUNDO
De sentado sobre a máquina do mundo
as estrelas são ridículas.
As mãos sobre o aço
a cabeça sobre o universo.
Respirar difícil
dando entrada ao carbono
ferro, acetatos,
plásticos, molas, transistores,
circuitos que se integram;
velas, ejetores que se acoplam
ao corpo que quase pensa.
Aspirar profundo.
óleos e graxas e anti ferruginosos
orquestrando a odisséia mecânica
que faz maravilhas nos deltóides
apoiando o corpo que se ergue.
Softkind, hard world machine,
carne macia engrenada em primeira
que arranca para sentir
a brisa alheada que sopra
na máquina do mundo.
A eletrônica rege a mecânica
das mãos que se socorrem
imitando a máquina do mundo
reinventando tudo.
Sem sentido o homem se move
cheio de idéias na gaveta
e inventa outras maquinetas.
Andando sobre os trilhos onde
corre a máquina do mundo
o homem pensa suas secreticidades
aspirando borracha e fuligem
que seus filtros excretam vertigem.
Reinando sobre maquetes
o invento homem cresce.
Onde olha, apruma-se
a sombra de uma criatura.
Apoiado na macia embreagem
constrói novas nesciedades
até que um dia perceba
que as coisas não mais
dele necessitam para articularem-se,
engrenar e partir
sem sentido, manutenção.
E quando se puder seriar
pastilhas de alma para equipar
os comandos principais
haverá criaturas no céu
e criacões bem pouco originais
a maquinar nova invencão
desnecessitada de coracao
para funcionar,
fazendo bem melhor o mundo
logicamente programado nos disquetes
acoplados às aortas desemocionadas
acessadas por memórias kbaitificadas
que equacionam tudo
nas lembranças matemáticas.
Enquanto isso
no edém celulótico
os santos inventores
esfarelam esquecimento.