TEMPO DE CHUVA.
(Do livro: MEU SERTÃO SECO DE AJUDA)
A TARDE FRIA DECLINA
O HOMEM TOCA VIOLA
CANTA O CHOFREU NA GAIOLA
COM SAUDADE DA CAMPINA.
UM BODE SE AMOFINA
FRANZINDO O COURO DA TESTA
O CURURU VAI A FESTA
NO PAREDÃO DA LAGOA
O VENTO EMPURRA A GAROA
CANTA O CANCÃO NA FLORESTA.
A CHUVA FINA ATORDOA
O CAVALO DO VAQUEIRO
BERRA O BOI NO TABULEIRO
UM BEZERRO CORRE À-TOA.
LÁ NO XIQUEIRO A LEITOA
PROTEGE A SUA NINHADA
UM SAPO NA ENXURRADA
DÁ GRAÇAS A DEUS E CANTA
O MATUTO AOS PÉS DA SANTA
PAGA A PROMESSA ATRASADA.
SOPRA O VENTO NO TELHADO
ENCHE O POTE NA BIQUEIRA
NA CASA QUE TEM GOTEIRA
O PINGO TOCA UM XAXADO.
NO CHEIRO DO CHÃO MOLHADO
O CUPIM-DE-ASA VOA
O AÇUDE PELA PROA
COM O SANGRADOR CORRENDO
E O CAMPONÊS DIZENDO:
Ô MEU DEUS, QUE COISA BOA!