Conheço
tudo sobre
o amor
porque
me engano
Meu coração
assim o é
E nesse
engano
encontro
a razão
Se assim
não fora
não importaria
viver...
e me
alimentar
da ilusão
que procuro
trazer à vida
Isto, sim
é viver!
E tentar
sobreviver
à vida
que em mim está
Prefiro
ver pilares
derrubados
...
Meu templo
em ruínas
...
E ressuscitar
meu corpo
morto
a cada dia
Mas
...
Ah...me render
à vida
é a última chance
que me dou
...
ou a peço
...
do meu próprio
retrospecto...
o inverso...
em cada verso
Preciso
do meu último
suspiro...
do último fôlego
...
para poder
engolir
essa saliva ácida
...
que eu insisto
em querer saborear
...
Reconstruo
minha cidade
Todos os pilares
estão lá
Nada foi
derrubado
Nada está
abalado
Não há ruínas
Meu templo
ainda está ali
Meu corpo
não ressuscitou
Eu não morrí
São tantos
ocasos
...
Ou talvez
nem faça contato...
Apenas ouço
o que nem
me chama
E me escuto
na minha
própria voz
...
Que mesmo
à sós
...
Dou-me
a conhecer
em versos,
palavras...
sem ao menos
entender
o porquê
Aliás,
por que*
Se me engano,
reconheço
meu proceder
Ora,
se reconheço,
não é mais
engano;
o engano já é
meu querer
Ou então
antes,
não o reconheceria
...
Onde está
minha verdade,
se o meu
reconhecimento
é vão*
Quem seria eu,
sem a razão*
Devo seguir leis
e doutrinas...
Devo ser o que
leio...o que li...
Então...
a razão não seria
por mim
reconhecida...
O que é a razão*
Se enquanto ser racional
devo dar à razão
a mim oferecida,
o reconhecimento*
...Que momento
de infortúnio
o meu viver...
Meu ser racional
não basta
à minha expectativa*
Nem diante
de minha própria vida*
Já está tudo
reconhecido, então*
Que tolice!
Como é vão...o meu viver...
Não posso ter razão
Por isso, me engano
Sim...
Quero desesperadamente
me enganar...
Não..Não devo esquecer
a vida!
Nem preciso
morrer tão cedo!
Sim...Quero o meio
O início é muito findo
...
E o fim ainda
não me trouxe
ao começo
Não tem nada de recomeço...
Ainda não o reconheço...
Há apenas a minha existência
no meio...
E...é aqui que eu quero estar...
Ah! Como quero!
Confortavelmente...me sentindo
um tanto desconfortável
neste plano existencial
a que me submeto
por aqui estar!
É lindo estar aqui!
Talvez,
assim...seja o começo...
O começo
que me trouxe aqui!
Se assim o reconheço
ou devo reconhecer...
Não sei...
Ainda não o reconheço...
Sim...Não reconheço nada...
Talvez não saiba...
Mas meu reconhecimento
não se presta
à banalização
do meu próprio entender
e capacidade de conhecer
Não sou banal!
Senão, de que me
valeria a vida*
E o meu livre
arbítrio*
De que me valeria
ser um ser racional*
Reconheço a mim mesma
Reconheço a minha própria razão
Reconheço meu próprio engano
Se me engano,
eu me reconheço
Logo,
meu reconhecimento
se adequa à razão
A razão
é o próprio
direito que tenho
ao engano...
Pois,
se me engano,
reconheço-me racional;
objeto do meu próprio
reconhecimento
Não...Não apenas leio
Eu crio
Eu acredito
Não invento
Eu vivo
A mim
já basta
o reconhecimento
do meu engano
Esta é minha razão.
Erica