Um ano da escrita deste poema...
Ela leve assim todos os desejos impuros
Só assim desejar aos dias que me restam
E aquelas guardadas que poucos consolam
Foram elas, as missivas, epístolas dos santos
Que confortaram o seio daquele que me abraçou
A fria carta singela que clamava por amor
Que só queria ouvir e ouvir, todavia era surda
Proclamando acordos, conclaves, vitrais de anjos
Daquilo que sempre quis para mim...
São almas que assim comunicam a vontade de Deus
Que nos permite ao clamor de recebê-la
Intrigar ao intimo o desejo intrínseco
De atrair as favas das obscenidades mentais
Ao resgate dos dias que me foram
E jamais terão o gosto e a raiz de prosseguir...
As missivas nunca morrem, que consolo
O que morre é nosso íntimo e contrassenso sentido
Do perdão divino que redime a nós mesmos
Desta fleuma que incomoda inercialmente
Ou que ofusca tão belas linhas de outrora
Quero apenas recordar o carinho e o dia
Que este afago verdadeiro redimiu meu ser
Disparo esta, são sempre missivas
Em mais uma angustia estampada
Daquelas que são cálidas pois reavivam
Sentimentos escusos, sombrios
As missivas são covardes
Retratam a ideia de não desfazer do acaso
Ou da lembrança da fraca memória humana
Que teima em lograr a razão
Disfarçada de negro nos dias chuvosos
De apegos guardados, empoeirados
Da essência do sentido real
Se é que o mesmo ainda existe...
Só sei que elas, as missivas
Estão aqui mais uma vez
Assombram, denotam, suspiram e guardam
Aquela vida medida de tempos atrás
Só agora sabemos o tamanho, o valor
Da paixão incontida, secreta em caixa pequena
Eu só queria esclarecer em tuas linhas
As vergonhas e síndromes que já vencemos
Os dragões e serpentes que engolimos
E o brilho rutilar das aguas que sorvemos...
São elas que abrasam e criam dicotomias
Das certezas tripartites da cruz do alvorecer
Que chora devagar, tênue e permissiva
Com espírito radiante e sedento de assunção
Que podeis ser vós
Até o trágico destruir desta missiva?