A BORBOLETA E A FLOR
A flor e a borboleta se confundem na mesma cor
como a água no espelho
como a tela e o pintor
como um vulto na neblina
como a canção e o autor
A que fado ora cumprem ao se mimetizar?
Qual gosto se funde no poder de se ocultar?
Quanto mais se confundem, mais evidenciam o ser
- o espelho chora as águas que não pode verter
- o pintor, na tela, deixa a alma se perder
- a neblina se esvai desfazendo a magia
- a canção deixa o autor, se entrega à rebeldia
e cai na boca do povo como qualquer vadia!
Mas a borboleta retorna em busca da mesma flor
e, novamente, confundem - asas e pétalas - numa só cor!