tela/Rene Magritte
OLEIRO À BEIRA D'ÁGUA
Lilian Reinhardt
...e ele segurando entre as suas
as minhas mãos, assim me dizia:
- Para o oleiro a sua vida é o barro,
e o barro é a sua vida!
A argila é a massa do mundo,
e o mundo...
uma grande massa de argila!
- Com ela e com suas mãos,
é possível moldar as formas,
sentir a textura dos grãos,
abrir e rasgar a pedra,
percorrer o mistério dos relevos,
romper arestas,
singrar topografias...
Ouvir o canto profundo dos oceanos,
alcançar pelo degredo,
o cume das montanhas...
caminhar com o coração
pela escuridão dos vales,
e assim galopar os ciclones da alma!
O seu olhar nunca se congelará,
porque as mãos do oleiro dançam,
sobre a massa que modela o informe;
e o silêncio é sempre sentinela,
à auscultar o múrmurio sibiloso do regato.
E, nesta compulsão
da argila e sua escrita,
mesmo que as sombras cubram o sol,
ainda assim guardará
todo o universo refletido!
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