Meu verso sempre me trai,
Meu amor me trai também.
O meu verso ouve estrelas,
E o meu amor as retém...
Em suas mãos as apalpa
Nas noites frias, minguantes,
Enquanto a Lua não vem.
Seu canto, então, as atrai,
E o meu amor se entretém...
Meu verso fica em remanso,
Mui calmo, ameno, convém.
Meu amor em noites rútilas
Empolgado, não se abstém...
Meu verso me trai e escapa
Soprando um vento de fúria.
Que tento aplacar, porém,
Meu amor me trai mais
Pois ele diz que me ama
Mas canta fado ao harém...