O NATAL DE UM VICIADO

Com um semblante triste
E os olhos já marejados
—“É, o natal não existe!”
Insiste o pobre coitado

Um jovem, um adolescente
Um menino ou uma menina
Não consigo ver o seu rosto
Pode ser o rosto do meu filho  
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Está sozinho e com fome
Deitado na escada da igreja
As portas já estão fechadas
Todos já foram para suas casas

Foram trocar os presentes
Cear com os entes queridos
Na rua só alguns mendigos
Disputando sobras com uns gatos
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Ele fixa o olhar para o nada
A solidão lhe faz companhia
A rua nem está tão deserta
Mas ali ele é um solitário

É... Só há natal para alguns
Outros não têm chaminés
Para muitos assim como ele
Este é um dia triste e frio
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O que ele quer de presente?
Talvez uma pedra de crack
Talvez seja voltar para casa
Largar o vício quem sabe

Eis que lhe surge o bom velhinho
Comidas e chocolate quente
Um agasalho pra aquecer do frio
E num saco alguns presentes
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O velho não parece estranho
Um rosto talvez conhecido
É o Sr. Noel, o dono da farmácia
Bem que eu achei parecido

Então o velho pergunta
O que o jovem quer ganhar
Se fosse um presente fácil
Talvez pudesse lhe dar
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Ao ouvir o pedido do jovem
O bom velhinho chorou
O garoto só queria outra pedra
Pois a que tinha ele fumou

O rapaz não conteve as lágrimas
Quando Noel lhe abraçou
Queria era sair das drogas
Mas o crack lhe viciou

A Alma de um Poeta(Pinho Sannasc)
Enviado por A Alma de um Poeta(Pinho Sannasc) em 15/12/2011
Reeditado em 12/05/2012
Código do texto: T3389792
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