O NATAL DE UM VICIADOCom um semblante triste
E os olhos já marejados
—“É, o natal não existe!”
Insiste o pobre coitado
Um jovem, um adolescente
Um menino ou uma menina
Não consigo ver o seu rosto
Pode ser o rosto do meu filho
Está sozinho e com fome
Deitado na escada da igreja
As portas já estão fechadas
Todos já foram para suas casas
Foram trocar os presentes
Cear com os entes queridos
Na rua só alguns mendigos
Disputando sobras com uns gatos
Ele fixa o olhar para o nada
A solidão lhe faz companhia
A rua nem está tão deserta
Mas ali ele é um solitário
É... Só há natal para alguns
Outros não têm chaminés
Para muitos assim como ele
Este é um dia triste e frio
O que ele quer de presente?Talvez uma pedra de crackTalvez seja voltar para casaLargar o vício quem sabeEis que lhe surge o bom velhinhoComidas e chocolate quenteUm agasalho pra aquecer do frioE num saco alguns presentes
O velho não parece estranho
Um rosto talvez conhecido
É o Sr. Noel, o dono da farmácia
Bem que eu achei parecido
Então o velho pergunta
O que o jovem quer ganhar
Se fosse um presente fácil
Talvez pudesse lhe dar
Ao ouvir o pedido do jovem
O bom velhinho chorou
O garoto só queria outra pedra
Pois a que tinha ele fumou
O rapaz não conteve as lágrimas
Quando Noel lhe abraçou
Queria era sair das drogas
Mas o crack lhe viciou