Sempre que olho para o céu
Estou contemplando o infinito passado
Me quedo triste, silente e amargurado
Pois não consigo desvendar-lhe o véu…
Ó, imensidão que me encobre e conquista,
De onde viestes, tempo infecundo?
Por que existes, aurora trismegista?
Não me atormentes, negror furibundo!
Não temo a morte, certeira verdade
Apenas não aceito o tempo… Tão curto!
Que, a despeito de meus desejos delirantes
De eternidade, sei-me agora efêmero e já é tarde...
Vida minha que segue em desterro,
Como em ondas, repetidas, constantes.
Vou, caminhante de passos descaídos
Enquanto o tempo míngua, passageiro.
Os dias passados de viva lembrança
De quando criança - era eterno bem-te-vi-
A cantar alto a sina que se mostrava
Repleta do mais alvo fulgor e bonança…
Vai, tempo...
"O tempo não é uma abstração
Pois, se assim fosse,
Eu não escreveria este poema."
©Daniel Amaral
19-11-2011