MINHA ALMA
Minha alma nunca foi tão minha.
Pedi-a a mim mesma
e me consenti pulsar a vida
que antes sufocada
no breu do dia cria que vivia.
Minha alma nunca foi tão minha.
O que me importa é cuidá-la,
agora que as feridas já não
doem uivantes noite adentro,
nem a visão se me turva.
Agora que a tenho posso ver Deus
sem estar na condição de pedinte,
rugiente, ululante, regougante,
rota em panos de sacos,
porque, enfim, posso ser semelhante.
Minha alma nunca foi tão minha!