Não me digas nada!

Não me digas nada!

Não, não me digas nada!
Ouço daqui o teu choro,
a tua viuvez programada,
a liquidez dos teus olhos,
a asfixia da tua boca.

Não, não me digas nada!
Já não posso mais ouvir-te.
Foi-me interrompido o tempo,
com geleiras e lâminas frias
cortaram-me a garganta.
Sangrei sozinha.
Minha ferida aberta aos céus
foi acudida.
Estancou-se em mim,
nas veias do coração,
o sangue roxo
e calei-me no agora.
Então, peço:
Não me digas nada!



Divina Reis Jatobá
Enviado por Divina Reis Jatobá em 21/04/2007
Reeditado em 03/10/2008
Código do texto: T458861
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