Não me digas nada!
Não, não me digas nada!
Ouço daqui o teu choro,
a tua viuvez programada,
a liquidez dos teus olhos,
a asfixia da tua boca.
Não, não me digas nada!
Já não posso mais ouvir-te.
Foi-me interrompido o tempo,
com geleiras e lâminas frias
cortaram-me a garganta.
Sangrei sozinha.
Minha ferida aberta aos céus
foi acudida.
Estancou-se em mim,
nas veias do coração,
o sangue roxo
e calei-me no agora.
Então, peço:
Não me digas nada!