Bendita Mãe
Em calabouço de carne preguei libertação, tantos foram os martírios emudecendo a visão, amei inimigos exaltando o perdão, enxagüei pés aflitos reafirmando doação, em convalescimento me entreguei à oração, bendito desígnio amenizando a sofridão, maternal sangrar sentido, filho alado cumprindo um destino, não sofras pelo que fizeram comigo, se amar foi meu maior desatino, se regojizes, pois, fui são, chagas em fel entumecendo a resignação, fitando teu véu me entreguei à imensidão, senti cada teu sofrido olhar de compaixão, lembrastes do menino franzino em teu colo ou em merecido sermão, te acompanhei do invisível propagando a lição, muitas vezes estive contigo a estimular a peregrinação, mãe querida dos desvalidos, em teu ventre não me nutri em vão, sereno refúgio dos combatidos, colo dos mais perseguidos, eis para sempre tua nobre vocação, da poeira com sangue ecoou o teu mais belo grito, rejeitastes a dor pela compaixão, quando a cruz jazia no monte erguido em balbucio ditei ao teu coração, cheia de graça Maria, convosco o Senhor estará na amplidão, és a bendita entre tantas mulheres, bendito foi o fruto que acolhestes com dedicação, mãe de Deus rogue pelos tantos pecadores, mesmo pelos que ceifam a vida de teu filho, amar foi e é a tua cândida missão.