(O encontro do poeta e da pintora)
Ele:
-Fomos parceiros no galope aventureiro
e vencemos tantas noites
de deserta solidão.
Agora — veja! — o novo dia traz de volta
a canção que geme solta
na aventura da paixão.
Ela:
Eu já não posso desenhar o paraíso
sem desenhar nossos risos
nos matizes principais.
E nos juntamos na aquarela da poesia
como o sol do novo dia,
brilhando cada vez mais.
Ele:
E eu já não posso descrever em cada verso
a poesia do universo
sem que descreva nós dois.
É como o vento que conduz uma semente,
planta e pacientemente
espera o fruto depois.
Ela:
Assim geramos, concebemos tal afeto
e nós dois somos decerto
a aquarela... em cada cor
a mão da vida nos contornou caridosa...
Ele:
Sou teu solo, minha rosa,
nessa paisagem de amor!
São Paulo, 31/01/1990