ÓPIO DOS ESQUECIDOS
A cidade borbulha num crepitar
de passos apressados, olhares
atentos, e sobremodo, um baralhar
de veículos vindos de algures.
Indiferentes a tudo, corpos embrulhados
em papeis e tecidos finos, repousam
esquecidos em frente portas e muros,
adormecidos pelo ópio que os desnudam.
Os veículos passam: aturdidos
pelas cenas, infelizes e tristes,
baixam seus faróis lacrimejantes.
As pessoas passam: velozes caminhantes
em busca de seus ideais inconstantes,
sem se importar com os vivos esquecidos.