(Se és livre, homem, porque não te libertas de ti mesmo?)
— Poeta – disse a menina —
toda questão tem seu xis.
Então, poeta, me ensina
um bom verso que defina
este sábado feliz.
O poeta, em heróicos decassílabos,
recitou, num tom grave paternal,
o poema que abaixo dou registro
e, no mínimo, julgo original:
"O Sábado é um poço de ilusão
que quer levar ao baile a Sexta-Feira.
Mas ela, embora queira, diz que não...
Não vai, pois sua irmã talvez não queira.
—Eu tenho as irmãzinhas pra cuidar:
Coitada, Quarta-Feira anda carente!
A Quinta, que não pára de chorar,
é instável como toda adolescente...
Já nossa caçulinha Terça-Feira
agora deixa a gente de plantão.
Mimada, choraminga a noite inteira,
quer colo, mamadeira e atenção...
Segunda, nossa mãe, tem cada coisa:
a cada dia está mais exigente.
Por ser matriarcal e boa esposa
ninguém desobedece impunemente.
E como a vida não tá brincadeira,
Domingo já não tem mais esperança.
Controla e abastece Feira a Feira,
completa o orçamento... e não descansa."
Vivendo na completa escravidão,
NINGUÉM consegue ser tudo o que quis.
Depois de uma semana de aflição
não pode haver um SÁBADO FELIZ...
Buritizeiro-MG, sábado, 26/05/2007 – 14h