MEU CANTO
Onde cantar o beija-flor
Ouvir-se-á também meu canto
Canto triste, canto de dor
Tanto que soará como um pranto
Onde cantar o sabiá
Lá também posso cantar
Embora qual o seu canto
Outro jamais se ouvirá
Onde cantar o curió
Ouve-me infeliz a piar
Um desditoso, canto só
De quem livre quer voar
Onde cantar o passo-preto
Que preso não possa voar
A dor que traz em seu peito
É nênia de um triste pesar
E quando cantar o rouxinol
Lembrarei saudoso do outeiro
Qual a ave que só avista o sol
Saltando do cocho ao poleiro
Enquanto houver alçapão
Gaiola, viveiro ou cumbuca
O meu canto será desolação
E cantar, minha única culpa
E embora pra tanta gente
Meu canto transmita beleza
Meu pranto não é diferente
Do das aves que cantam presas
*Um grito em favor dos pássaros silvestres e em defesa da fauna!