Sopra-me o vento o inebriante sândalo.
Minha voz enfurecida trisca a madrugada
Em busca do teu lábio sarcástico.
Sopra-me a brisa meus mil fragmentos.
Sou então da noite, o maior entulho.
Resto de um vidro quebrado.
Nem o réptil faminto
Seria capaz de romper essa carne dolorida.
Nem o ar seria o ar que respiro.
Nem a brisa seria minha solidão de pó.
Esquinas insolúveis e remotas aos meus pés!
Insosso verão de ausência intransponível.
E a brisa incansável sopra-me fragmentos,
Fragmentos de um poema quase lírico,quase mudo.
Era, então, a pior madrugada.
Quando ao toque de tuas mãos macias,
Abri meus olhos e sorri, despindo-me da alma,
E encontrando finalmente teu corpo... Teu lábio...
Fragmentos. . .poemas... Lembranças... Corpo...
Quase mudo... Quase tudo... Quase quebrado... Quase vidro...
Quase sonho... Quase tristeza... Quase ausência... Quase só...