Casas baixas - telhados vermelhos - varandas verdes
varandas de sal e gerânios de espuma
e a lua se derrama sobre a máquina de fazer púrpura
estas praças tão sem cor que parecem de pano
em jardins germinando afetos sob mantos de gelo
o linho mais bordado quem dera fosse este o amor.
Plataformas instáveis - cidade - um arco-íris à janela
Um beijo de magnólias ao crepúsculo, nas ruas da neve negra
um balão aceso no mês de junho como gaivotas ancoradas na areia
Incertas multidões em volta passam sob um céu sempre duro
a duvidosa língua das imagens da liberdade de sermos dois
um recorte quadrado, ao longe, na linha do horizonte,
onde dois grandes olhos, grandes e ávidos, fixos e pasmados,
fitavam sem tréguas nem cansaço.
Uma história que voava com asas grandes, flutuantes,
e pousava em vidros das janelas das casas baixas
com varandas verdes de sal e gerânios de espuma!
Entre o tudo e o nada que espera apenas por amor de esperar.
E por que não galgar sobre os telhados?
(se tudo que me falta é esse lar?)
Ai que bom seria! Ir até ao longe e tocar nele,
os seus olhos repetidos, grandes e úmidos,
vorazes e inocentes.
Descaem-se-me as pálpebras e, com isso,
qualquer diamante feito desta lágrima em aborto
não há olhos, nem rio, nem varandas, nem nada.