A tua nudez inquieta-me. Abre o meu corpo
Eu desgraço-me, escrevo, faço coisas
com o vocabulário da tua nudez.
Tenho pensamentos despidos;
De mão dada contigo entro por mim dentro
a encher a minha carne de transparência.
Sonhar contigo é quase como
saber que existo para além de mim.
as vezes sucede que estou: inquieta. Frágil. Violentada.
Não sei, amor, sequer, se te consinto
ou se te invento, te minto
a verdade intemida em que me esqueces.
Amor esta explosão de tantas sensações contraditórias;
Não finda com o próprio amor o amor do teu encanto.
Para sempre um ao outro, Eu e Tu, pertencemos,
O vinho e a sede, brasa e carvão, centelha e lume,
Fundindo os corações no ardor que nos inflama,
Amo-te sempre com o desespero de ser tempo;
desta língua, deste romance diário dos teus olhos -
não há dúvida, Amor, que não te fujo
por ti, tão cega, tão surda , tenho vivido eternamente presa!
Sobre o papel de muitos silêncios
das coisas - destes versos
desta tinta de sol e do luar vestida é que fico nua.
- Ó meu amor vieste rasgar um sol do meu corpo e
das minhas mãos! Que no próprio corpo é céu ainda.