Segredos de amor

(Na emoção dessa noite, ela falou de desejo e reduziu distâncias)

Ela veio macia — mãos de seda...

E, sem nada dizer, disse-me tudo.

Concedi-me — não há quem não conceda

E aninhei-me em seus braços de veludo.

Se havia, não houve mais receios;

Nem mais houve entre nós falso pudor.

Minha diva, no arfar dos belos seios,

Era toda prazer e eu, todo amor!

Penetrei o remanso do seu lago

E em murmúrios a música se fez.

No seu cálice tive, trago a trago,

O prazer da mais doce embriaguez.

Ai aromas da noite — quanta lua!

Ai segredos do amor — quanto luar!

Ai que bela, em repouso, seminua,

Esperando o prazer recomeçar...

Nesse instante, o poema que se escuta

É o compasso do amor entre nós dois.

A mulher já é musa absoluta

E a musa vai ser mulher depois.

Eis a chama e em cada labareda

Arde o corpo e a alma... porém tudo

Permanece suave como seda

E me aninho em seus braços de veludo.

Já não há mais distâncias... nem receios;

Já não há entre nós falso pudor.

Eu agora repouso sobre os seios,

Porque, mais que prazer, sou todo amor!

Ai aromas da noite — dorme a lua...

Ai segredos vividos ao luar!

Ai que bela! — E o sol acorda a rua...

Mas de novo adormeço... pra sonhar!

Buritizeiro-MG, 24 de maio de 2007 – 12h15min