Bendita seja a saudade

(ELE) Bendita seja a saudade

que fez a chuva mais doce.

(ELA) Bendita seja – e se fosse

em plena noite de lua?

(ELE) Talvez eu fosse pra rua

brincar de não sentir falta.

(ELA) E ao voltar, já noite alta...

(ELE) Talvez eu – talvez! – cansado,

nem percebesse que ao lado

'tava' faltando você...

(ELA) Bendita seja a distância

que me solfeja a saudade,

mas não sou só de verdade,

já que a saudade não deixa...

(ELE) A saudade é minha gueixa:

companheira, cortesã...

Mas tudo acaba amanhã,

quando a terei que deixar,

e assim que você voltar

seremos eu e você...

(ELA) Bendita seja a distância...

(ELE) Seja bendita a saudade...

(ELA) E a bendita chuva doce

pra me ninar de verdade...

(ELA) Vou brincar de sentir falta

e esperar o amanhecer...

(ELE) E assim que você voltar,

não preciso mais brincar,

nem precisa mais chover...

São Paulo, 13/05/2011 – 22h10