CHICO BUARQUE

CHICO BUARQUE

Às 3 da manhã

Procurando Chico Buarque

No rádio.

Sábado quente!

Todas as opressões moram em mim

Eu entre lembranças

Precisado de Chico Buarque.

Minha ciência

É anarquia absoluta.

A noite resoluta

Carregada de sirenes, lá fora,

Ressoando nas paredes

Nos alicerces da minha escuridão.

Estou impotente, às 3 da manhã

Consternado com minha apatia

Histórica, procurando por Chico

Buarque no rádio.

Então Chico surge

Voz chinfrim

Tomando corpo

Do rádio para mim.

A pátria une-se

Exilados regressam

A força renova-se

À luta aconchega-se a razão:

A liberdade retorna inteira

Dos braços alastrados de parasitas

Dos inutilizados atrás da bandeira.

Chico Buarque de Hollanda

No rádio, doma o sábado fero

Torna meu medo quimera

Abastece-me de energia

Durmo, vigia da paz

Aprontando-me para debelar

A injustiça absurda

Que grassa pelo meu chão:

É sua a voz do Brasil esperança

no lamento do Brasil constatação.

Chico Buarque

No rádio

É o traço nacional de união

É perseverança e fé no amor

Que Chico desnuda

Em corpo de mulher

Perfeita que vem

Tatuar-se na minha solidão.