"Não há amizades, parentesco, qualidades nem grandezas
que possam enfrentar o rigor da inveja". [Cervantes]
MATA-TE POR ELA
[A INVEJA]
Teus dentes rangem.
Tua alma não serena.
Achas que a prosperidade do outro
Atropela e impede a tua.
Pensas que todos competem contigo
E logram o que não logras.
Imaginas que o bem alheio
É obstáculo ao teu próprio bem.
Não te interessa ter o que não tens...
Antes desejas que o outro não possua.
O que te incomoda é a Felicidade
Que não cruzou as portas do teu reino.
Por ela mentes, difamas, destróis,
Envenena-te, envenenas.
Teus olhos olham e cobiçam
O que tuas mãos não souberam buscar...
O que tua falta de empenho
Não conseguiu alcançar...
Queres superar teus iguais.
És superior apenas na tua mesquinhez...
Da falsa noção de tua excelência
Agiganta-se teu orgulho...
Da Soberba procede a Inveja,
Que tanto zelas em ti.
E desta germina a Ira.
O que invejas não é a coisa.
O que invejas não é o bem.
O que invejas é a superioridade
Que, julgas, não te coube ter.
Tu sabes e não te enganas.
Mesmo assim,
Mata-te por ela!