Ispichado no seu rancho, contempra a lua o pobre rocero
Ispiando intrimei as vara marradas de cipó, zoiano o tempo intero
Dimirano a brincadera da lua cas nuve branca que tomem vaga no céu
Inte parece bailado de minino, oh casar dançarino sem rumu nus leu
Uvino o ringido manhoso da rede, marrada nos paus da parede
Nun cansa de zoiá a furmusura de são Jorge, a cavalo infeitano o luár
Muntado no seu corcé e sigurano seu machado, mode à noite imbelezá
Anssim drome o rocero sonhano o tempo intero cas traia na mente
Cabaça cum arsa de cipó, inxada das mió, quarta e mêia de semente
Mode quando o dia crariá, o seu roçado i prantá, cumprino sua missão
O monte de bacurim, tá qui nem fiote de Passarim isperano pu seu pão
Alevanta antes de nascê o sor, fais o sinar da cruiz pede ajuda pa Jesúis
Mode trabaiá in paiz, e tomem cê filiz e abençoado Ca graça da sua lúiz
Vai dexano sua pegada as veis no pó da istrada, otrora na terra moiada
Priciano o perfume das frors, qui disbrocha das arve na bera da istrada
Trabaia sor a sor, inté a camisa manchá, de tanto suor qui dá
Cumeno purim feijão nacus de rapadura, as veis canta mode num chorá
Oceis num sabe cumé dura vida do pobre lavradô, divia de vim cunhecê
Contá pros dotô, as veis nem come aquilo quele prantô, tem de vendê
Mode pagá as conta, dos remedi cas difrucera gastô cus bacurim
Há gente qui diz roça é trem bão, quero só vê uns dóceis vivê assim
Aligria de um rocero é u contato Ca natureza da qua ele é parte tomem
Cum seu jeito cabocro vai levano a vida fingino quitá tudo bem
Má ta não, ere é cunhicido dos homes, só épuca do voto das ereição
Ai vem dotô dano par de butina, tapa nusombro apertano a sua mão
Cas tar borsa iscolár borsa isso borsa aquiro borça tudo quanto há
Naverdade é só mode imbruiá armano arapuca, mode os coitadio pegá
Rocero quiria é andá cas propas pernas, tê dignidade sem humilação
Afinar éssa cunversa prus boi drumi imbromano, é pura inganação
Cunversa de pulitico num enche barriga não o quêsqué memo é metê a mão!