No barco saiu bem cedo
E prometeu: volto já.
Ela, cismando, lhe disse:
Não vá, meu amor, não vá!
O barco da cor das águas
Se foi pra não mais voltar.
A lágrima, enchendo os olhos,
Afoga as águas do mar.
Onde andas, meu navegante?
- Pobre donzela pranteia -
Nos braços de alguma amante?
No encanto de uma sereia?
O barco da cor das águas
Se foi pra não mais voltar.
A lágrima, enchendo os olhos,
Afoga as águas do mar.
Onde anda, meu filho amado?
Vem a onda, estica o mar...
Para que me servem braços
Se eles nem sabem nadar?
O barco da cor das águas
Se foi pra não mais voltar.
A lágrima, enchendo os olhos,
Afoga as águas do mar.
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Também eu sou navegante;
A vida é meu vasto mar.
Às vezes vou tão distante
Que não sei como voltar.
Ai dúvida a todo instante
Se alguém chora à beira-mar...
Terei valido o bastante
A ponto de alguém me amar?
Na dúvida, sigo errante,
Buscando, sem me encontrar.
Sou eterno navegante
Da vida, esse vasto mar.
São Paulo, 29/03/09 – 1h15