Hoje matei meu poema.
Hoje ví cenas explícitas da vida,
protegida pela janela de meu carro...
Sem cortes, sem censura.
Todo o sentimento do mundo tomou conta de mim,
fazendo com que eu visse,
o quanto sou impotente,
covarde e suficientemente humana,
ante a miséria, a fome e o abandono.
Hoje abortei muitos versos...
falta-me poesia suficiente,
para aplacar tanta tristeza,
para colocar alguma cor além do cinza.
Para confirmar que a poesia,
triste ou alegre,
explica a vida de forma mais bonita.
Hoje, matei meu poema...
Augusta Melo
Rio de Janeiro
LDA 9.160