Anuncia-se o outono. Folhas descem
e se espalham no chão das avenidas.
Eu me espalho entre as folhas que parecem
um imenso lençol de nossas vidas.
Umas folhas, das tantas que adormecem,
tinham sonhos de árvores floridas;
não queriam murchar, porém fenecem,
e agora, o que são? — folhas caídas.
Também eu tive sonhos, fui altivo;
também eu sonhei vida... vida... vida!
E, de tanto sonhar, nem sei se vivo.
Não sou mais que tais folhas excluídas:
eu, no chão, entre folhas, já não sirvo,
a não ser pra enfeitar o chão da vida.
Itapecerica da Serra, 8/4/2002 - 17h26