Uma Noite qualquer sem Estrelas...

Uma Noite qualquer sem Estrelas

® Lílian Maial

As noites borradas do inverno

não permitem ver as estrelas.

Vem um silêncio de brilhos,

um cheiro de céu desolado.

E então chega a dor,

a lágrima efervescente,

vontade de lembrar o que não foi vivido.

Ânsia de nunca ter morrido.

Escorre e corrói,

não poupa os dias,

as manhãs frescas de sol,

os passeios de brisa no rosto.

As noites nubladas de inverno

não dão guarida aos que sobram.

Implacável rajada de espera,

de um tempo que falta pouco.

E então vem a certeza,

a paz imposta do deserto,

o desembainhar de olhares empoeirados,

a seca de devaneios.

Árida é a madrugada sem ópio.

Em outras estações,

um sopro de promessa ainda embala o engano.

Nada mais triste que uma noite sem estrelas...

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