Quando teus olhos aflitos me passeiam
E tua boca irrequieta se contorce
Ávida por ser preenchida;
Quando tua língua outrora escondida
Liberta um gemido irresignado,
E desliza lentamente sobre lábios sobremaneira mordidos
Fremidos pelo arquejo que te toma;
Quando tuas mãos desnorteadas mais e mais se embaralham
Se lanham, se perturbam
Cravando tuas garras vorazes sobre a própria carne úmida;
E a angústia corrói o teu ventre carente
Como se a lâmina infame do pecado majorasse uma tortura sem fim;
O teu silêncio inquietante me implora.
E como se fosse o meu derradeiro dia
Todo meu ímpeto te é conferido;
Ao teu quilate, todo o meu despudor
Onde a tua fome encontra guarida
Teus olhos se contraem
E tua face sorri da dor.
Faço do champanhe meu aliado no vício do teu consumo;
Escorro pelo teu corpo
E pela tua nuca
Desço entalhando tua pele melada
À espera do fluido que se oferece
Pingando caudaloso e borbulhante na minha boca.
O céu cor de rosa senta-me à face;
Os ecos do prazer estremecem teu corpo entregue
Gravando tuas digitais mais íntimas na minha língua
Como num conto de damas
Como se a luz vermelha da saliência quedasse eternamente púrpura.
Tua carne é minha
Todos os teus lábios são meus
Tua cama sou eu
Nessa minissérie de alcova.
Se tua lua controla minha maré
Somos pilha de corpos celestes num encaixe personalizado
Perlage que protubera na profundidade que me lanço
Sob os teus clamores
E por teus calores;
Peso sobre o teu corpo
Avolumando a tua palpitação
Ao sabor de um oceano sem fim
Do teu patente regozijo,
Um verdadeiro oceano de mim.