Enquanto Luzia devaneia
A vida caminha lento.
Luzia, ao sabor do vento,
Não se espreguiça: nos tonteia.
Enquanto Luzia devaneia
A água esquenta,
O suor arrebenta
E a todos incendeia.
Enquanto Luzia devaneia
O Rio continua de Janeiro.
Luzia, na ponta do tinteiro,
Nem se mexe: apenas se ajeita.
Enquanto Luzia devaneia,
Ocupando completamente a Luzia,
O sol que antes luzia
Espera pela moça faceira.
Ah, enquanto Luzia devaneia,
Passa a vida, ó dedo falho
Que te retrata, já calho
Porque não sonha: vagueia.