Deus! - Poema de Onildo Barbosa

Publicado por: Compadre Lemos
Data: 02/09/2010
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Créditos

Título: Deus! Gênero: Literatura de Cordel - Estilo: Décimas de Patativa. Autor - Onildo Barbosa - Vitória da Conquista - BA. Publicação devidamente autorizada. Edição e publicação: Compadre Lemos.
                  


            Deus!

                            Um poema de Onildo Barbosa


                               Ouça o poema na voz do autor: 
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Como poeta, analiso,
Descrevo e transformo em verso
Que cada lugar que piso
É parte de um universo.
Sinto, na luz dos meus olhos,
A flacidez dos abrolhos,
Céu distante, mar profundo.
Da Terra, esfera suspensa,
Deus marca a Sua Presença
Em tudo que há no mundo!
 
Conhecê-Lo, eu não conheço,
Visitá-Lo, eu nunca pude.
Mas Ele é o endereço
Que nos conduz à virtude.
Deus é  poder invisível,
Abstrato, indescritível,
Difícil de se entender.
Do catedrático, ao anônimo,
Em tudo está o sinônimo
Do Seu imenso poder.
 
Deus está na nossa mente,
Na forma que a gente pensa,
Nas coisas que a gente sente,
De acordo a nossa crença.
Deus é a luz que aparece
Na hora que amanhece,
Prá nos trazer alegria,
Embelezando a aurora,
Quando a noite vai embora,
Dando vida ao novo dia.
 
Deus orienta o inculto,
Com força e perseverança.
Dá paciência ao adulto,
Prá conduzir a criança.
Deus está na flor cheirosa,
Na planta leguminosa,
Que alimenta a nação.
No vento, na noite cálida,
No rosto da lua pálida
Que embeleza o sertão!
 
Deus está mo movimento
Dos animais na floresta,
Nas aves fazendo festa,
No seu acasalamento.
Na fruta que cai do cacho,
Na fêmea que atrai o macho,
Na pétala que traz o brilho.
Está na ânsia do quarto,
Confortando a dor do parto
Do ventre que gera o filho!
 
Deus está na melodia
Do sabiá laranjeira,
Na fonte de água fria,
No grito da lavandeira.
No veneno da serpente,
No germinar da semente,
No mel que tem na resina.
Na ciência, na fragrância,
Na raiz, na substância,
No saber da Medicina.
 
Deus está no mel da cana
Que produz a rapadura.
Na casca da umburana,
No vapor da terra dura.
Na plumagem da arara,
No fruto da caiçara,
Na flor do mandacaru.
No espinhal do abismo,
Na beleza e romantismo
Da voz do uirapuru!
 
Deus está, por Sua vez,
No calor da sequidão,
Na lágrima do camponês,
Que chora a falta de pão.
Deus está presente na dor,
Na angústia, no amor,
No lamento dos plebeus.
Deus está sempre de pé,
Prá dar um pouco de fé
A quem não conhece Deus!
 
Deus se encontra no pistilo
Da flor do maracujá,
No casco do crocodilo,
Na pena do tangará.
Deus é a água da chuva,
O mel da polpa da uva,
Que serve de vitamina.
É o ouro derretido
Do vulcão adormecido,
Que está no centro da mina.
 
Deus está na plenitude
Do sorriso da criança,
No vigor da juventude
E na velhice que cansa.
Na obediência do filho,
Tá na boneca de milho
Com seus cabelos compridos.
Tá na riqueza da alma,
Na paciência e na calma
Dos menos favorecidos.
 
Deus está na translação
Da Terra, em seu movimento.
Na força do furacão,
Na tempestade e no vento.
Está nos bosques sombrios,
Na confluência dos rios,
Na aridez do calcário.
Está no deserto enorme,
No beduíno que dorme,
No passo do dromedário.
 
Deus está na construção
Do joão-de-barro engenhoso,
Na plumagem do pavão,
Elegante e vaidoso.
Tá na forma conjugal
E no ato sexual,
Quando a libido é pura,
Sem químicas nem alcalóides,
Milhões de espermatozóides,
Gerando uma criatura.
 
Deus está entre os rochedos,
Nas estradas poeirentas,
Nas nebulosas cinzentas,
Nos alcantis e lajedos.
Deus tá na Fauna e na Flora,
Na araponga que mora
No mais alto da montanha.
Nos arbustos aromáticos,
Nos pontos enigmáticos,
Dos tecidos da aranha.
 
Deus é a única razão
Da nossa sobrevivência,
O pulsar do coração,
A voz, a inteligência.
Não sou nenhum pregador,
Não sou padre, nem pastor,
Não me entrego ao cansaço:
Sem religião nem crença,
Sinto, de Deus, a Presença,
Em cada coisa que faço.

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Meu Compadre Onildo Barbosa, que este Mesmo Deus - que você descreve tão bem - continue lhe abençoando e iluminando, pois nós precisamos - e muito!... - da sua poesia!


                                    

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                           Fraterno abraço,

                               

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Compadre Lemos
Enviado por Compadre Lemos em 02/09/2010
Reeditado em 02/09/2010
Código do texto: T2474022
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