CONFESSO QUE NÃO VIVI!
Confesso que não vivi!
Em remissão, aqui me curvo,
Genuflexo nas águas turvas
E esqueço o que submergi
(por quê ver os resíduos do fundo?...),
Não me cura o que eu já sofri!...
Confesso que não vivi...
Algemei-me em medos impuros,
Vendi-me por tréguas seguras
(e nem foi da dor que fugi!...),
Condenada a instantes vorazes
A paz foi-me só álibi!
Confesso,
Confesso que não vivi...
Não arrisquei sequer ser feliz
Não ousei ser meretriz,
Não matei nem reagi...
(peco só por acusada
de culpas que não cumpri!...)
Pecadora, me confesso,
Do crime que cometi:
Ter tido como carrasco
A vida que não vivi!