O carro de bois cantando
Deixando rastos para traz
Mesmo com o tempo passando
Carreiro não esquece jamais
Sem estradas de acesso
Com fé e muita coragem
Transportava o progresso
A mais distante paragem.
O lento carro de bois
No transporte um gigante
Mesmo lento ele foi
Corajoso bandeirante.
O carro de bois fazia
O transporte de antigamente
Com o progresso hoje em dia
Nosso Brasil foi pra frente
Carro de bois encostado
Ao relento se apodreceu
Mas não foi um derrotado
A batalha ele venceu
Realidade não falha
Sua história escreveu,
É um herói sem medalha
Que troféu não recebeu.
O tempo que fui carreiro
Não sai da imaginação
Relembro minha boiada,
A poeira do estradão,
Cheiro de mato, a beleza,
Do ruído do cocões,
É o canto da natureza,
Uma das lindas canções.
Carreiro levava a vida
Contente, entusiasmado.
Passando no povoado
Era grande a emoção
As mocinhas nas janelas
Pra gente abanavam as mãos.
Deste tempo hoje resta
Saudade e recordação
O fim de minha boiada
É que dói meu coração
Para o corte foi levada
Veja que ingratidão.
Foi trocada por dinheiro
É o que aconteceu.
Neste drama á um covarde
Este covarde sou eu.
Meus versos são homenagens
Com toda sinceridade
Aos eternos personagens
Que foram para a eternidade.
Aos bois, carros e carreiros
Ao carreiro, carro e boi
Um desses é o meu velho pai,
Que a muitos anos já se foi.
( * ) A referida poesia é de autoria de ( Manoel da Silveira Corrêa - conhecido em Vazante-MG como: Manoel da Tunica). Disponível em: http://rogerioscorrea.blogspot.com