Nao vejo nada mais lindo
numa tarde no sertao
quando canta uma canção
e o sol se vai sumindo
os passaros começam indo
procurar o agasalho
a vaca toca o chocalho
bem no alto da chapada
o canto da passarada
no palco fino do galho
acende-se um candeeiro
o morcego sai da toca
o galo sobe e se entoca
lá no alto do poleiro
o cururu no terreiro
a janta providencia
o rasga-mortalha chia
aranhando a cumeeira
isso é coisa rotineira
dapois que termina o dia
canta lindo o sabiá
inspirado o azulao
canta cada uma canção
que outra igual não há
nos galhos do jatobá
o hotel da passarada
irá servir de pousada
com hinos muito suaves
e ali se juntam as aves
esperando a madrugada
o crespusculo abre a cortina
do palco negro da noite
o vento vem dando açoite
numa suave neblina
lá no alto da colina
logo a lua aparece
e sem duvida ela merece
do poeta a atenção
pois dá a inspiração
depois que a noite acontece
cantos e pios saudosos
gorgeios por entre as matas
as mais lindas serenatas
os tons mais armoniosos
anumaras curiosos
pinta silgos, canarinhos
todos eles com seus pinhos
começam uma cantoria
depois dormem e vem o dia
nova vida pros bichinhos
e no romper da aurora
ainda parda a floresta
essa divinal orquestra
forma uma trilha sonora
a beleza dessa hora
nos causa tanta alegria
a passarada inicia
esse concerto propicio
enchendo de encanto o inicio
da alvorada do dia
Cumaru 18 de julho de 2010
Carlos Aires e João Manoel