Ser Pobre Nao me Faz Medo

sou tao pobre, tao pobre que em casa

minha veia se deita numa esteira

a comida de noi é macaxeira

com sardinha assada sobre a brasa

o sofá de nois doi é um banquinho

que eu fiz de um pé de mulungu

o arroz dos meu sfiio é angu

cum café sem açuca, bem fraquinho

lá num tem essa ta tevelisao

só a lua de noite me me encanta

com seu geito matuto como santa

no artar da celeste imensidão

minha luz toda noite em meu curtiço

é o meu candieiro ou uma vela

pra muié enxegar quando a panela

conzinhar, ou fazer quarquer serviço

o meu som,é um radio ja veiinho

que herdei de meu pai quando morreu

tudo aqui no meu lar é dela e meu

sem ter luxo de nada, bem pouquinho

geladeira, fogão, mesa pra gente

nao possue importacia, em nosso lar

minha véia nao liga pra manjar

gosta mesmo é sentar-se no batente

o silencio da noite é tao gostoso

onde moro que penso está no céu

minha roupa fraquinha, meu chapéu

deixa eu um matuto bem fromoso

de manha vou pra roça trabaiá

levo minha quartinha cheia d'agua

voce pensa que choro minhas magua ?

gosto mermo é de rir e de cantá

o meu lanche mei dia é um cuscuz

com açuca num pé de juazeiro

quando vorto de noite sinto o cheiro

da muié com seus oios bem azuis

lavo os pes na cacimba do riacho

vou dormir logo cedo e descansar

pra bem cedo denovo, levantar

eu sou pobre, feinho, mais sou macho

se voce preguntar se sou feliz

lhe respondo com toda genteleza

eu sou muito feliz, porque riqueza

não é ter muita grana no pais

a pobreza pra gente na verdade

nao me deixa sem graça, onde passo

ser feliz para nois é ter espaço

pra viver com amor e humildade

FIM

cumaru 16 de julho de 2010

Poeta João Manoel

OBRAS DE POETA
Enviado por OBRAS DE POETA em 17/07/2010
Código do texto: T2382655
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