Eu apenas pensava em fluir.
Como um fluxo d'água brando,
Seguindo pela planície,
Sem variações na topografia,
Apenas me encantando, ao máximo,
Com alguma relva, que brilhasse,
Banhada por mim. Por alguma
Andorinha fugaz que em mim
Matasse sua sede.
Mas como a força da terra você
Surgiu, e colocou, sutis provocações,
Pedras agudas no meu fluxo.
E me fez descobrir-me um joalheiro,
A lapidar os flancos que me ofereceu,
Até que se tornassem lisos, arredondados
E suaves, amoldando-se ao meu contato,
E quando pensava ter minha missão cumprida,
Novamente tua topografia me surpreende:
Cria gargantas em que me lanço em longas
Quedas, a me turbilhonar, efervescer em espuma,
Transformar-me em névoa que te cobre toda.
Até que todo o calor gerado, me consuma,
Evapore-me, deixe-me leve e me faça subir,
Ao sabor do vento que embala lembranças.
Lembranças que me farão condensar, me tornar
Chuva, uma nova tempestade de desejo.
Que me levará de volta a você...
LOBO
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