Cavalos Feridos de Silêncio

Publicado por: JAG
Data: 13/06/2010

Créditos

Poema de José António Gonçalves, na voz de Cissa de Oliveira

CAVALOS FERIDOS DE SILÊNCIO

José António Gonçalves

São de fogo os seus cabelos soltos

suspirando ao longo das montanhas

onde há cavalos cheirando a suor e a pássaros

feridos de silêncio.

Há maresia nos seus olhos serenos

e brandos de lume

perdidos em ondas de ternura e vento

e há espelhos e pradarias imensas e quentes

chispas de sol derretendo gestos e falas

nos recantos das pálpebras

de veludo.

O seu corpo solta-se de repente

em tempestades convulsas de erva molhada

por sobre um lençol de terra

com sabor a fruta fresca e a madeira antiga

lembrando palavras

que nunca foram ditas.

José António Gonçalves

(in "Esquivas São as Aves",Col. Cadernos Ilha, nº.11, Ed. Correio da Madeira, 2001)

JAG
Enviado por JAG em 17/01/2008
Código do texto: T821785