SAPAIXONADOS ( veja também o arquivo de voz)

SAPAIXONADOS

Jorge Linhaça

Um sapinho apaixonado

tocador de bandolim

cantava desafinado

com um sorriso safado

um refrão que era assim:

Sou sapo, não sou só papo

sopapo não quero não

Sou sapo de fino trato

cantando a minha canção

A sapa toda faceira

se derretia dengosa

remexia as cadeiras

e com olhar de matreira

respondia toda prosa

Se o sapo se chama Zé

sopapo ele não quer

parece ser bom de papo

e canta tudo que é mulher

O sapo continuava

a tocar seu bandolim

pra sapinha ele olhava

olhos quentes como lava

esperando dela um sim

Sou sapo, sou trovador

mas canto só pra você

sei que não sou bom cantor

mas você é meu bem querer

A sapa que era Maria

cada vez mais animada

de difícil se fazia

e ao sapo respondia

numa trova improvisada

Seu sapo eu tenho medo

de toda essa cantoria

se um beijo lhe concedo

você some à luz do dia

O sapo não desistiu

continuou a tocar

Quem a musica ouviu

deu nota mais do que mil

para o seu improvisar

Sapinha não tenha medo

dos versos desta canção

Eu te conto um segredo

já te dei meu coração

A sapa se derreteu

com olhar apaixonado

a resposta ela deu

e seu peito de aqueceu

quando deu o seu recado

Ah, meu sapo tão querido

não há como resistir

a esse canto sentido

que agora me faz sorrir

O sapo e a sapa então

trocaram beijos e abraços

envolvidos na paixão

e o bater do coração

é quem ditava o compasso

O sapo e a sapa vão

lá no brejo se casar

E eu vou correndo então

para os dois apadrinhar.

SP, 9 de junho de 2010

9:50

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