para a Fátima
São saudades de um tempo em que a morte voltava à companhia dos meus dias
escuros, cinzentos da falta de esperança enegrecida pelos factores humanos
sem coração, virados para poesia do lucro sujo e sem limites.
Tempos duros da falta de auto-estima, desamor, mero abandono da
luta, incessante como se parar fosse motivo de zanga para o coração fazer
greve, parando ele também, acabando tudo sem avançar para o desejo
imenso, desconhecido e nunca permitido de amar à distância sem ao menos
beijar, tocar, penetrar na voluptuosa sensação de tudo engrandecer na mera
magia, e foi uma mera carta recolhida, num dia de frágil sensação de mudança
radical, e afinal a alma gémea estava ali ao pé, tão perto da alma revigorada
renascida, construindo novas pontes de desejo num concertado momento de
renascimento, violento encimar de poderosas mensagens de amor, paixão, calor
insuportável, de tão belo, entusiasmante na cruzada pelo fim do mal
da insegurança eterna que levava ao potenciar do medo do dia seguinte
medo de nunca viver, de falhar os planos construídos na ansiedade da
concretização, da inimaginável vontade desbravar novos mundos e
crescer, assim de repente, como se fosse necessário, fundamental e
crucial que o mundo soubesse dessa louca e ansiada urgência de viver
o amor, a paixão desenfreada com os corpos em ardente ebulição à
procura da melhor forma de junção, rápida, o mais rápida possível.
Apenas amor, crenças firmes em estrutura débil de sentidos quase divinos
sempre sem pensar numa possível dor de uma queda num abismo qualquer
e então, a vida, essa passagem especial entre dimensões, eu não sei,
nunca soube de outras vidas, apenas creio nesta, nos afectos, nos
amores, sexo intenso, ausente, que raios apenas amor, apenas vida.
Saudades, muitas, intensas, daqueles instantes de mera audição, de
profunda aflição pela ausência, do prazer de dizer, de ouvir falar
apenas, amo-te, para lá de mero amor, de mera excitação
sem pensar que algures alguém pudesse invejar amor que foi, é genuíno.
E mesmo que lhe chames devaneio, loucura ou doença de abismo infinito
canção sem rimas na letra incomum da comum capacidade de absorver e
apenas se respirava o lado positivo, se construía a demografia possível
a impossível contradição de ignorar, nem um mero toque acontecer e
sempre de volta, na volta de um sentido que nunca foi infame
felicidade, ao alcance de um mero virar de páginas, a beleza pura
constatada num altar carregado de inebriadas solicitações ao antigo
menino, agora crucificado na cruz, apenas meras aparências que
turvam, mesmo no silêncio sepulcral, onde até o respirar é controlado.
Ah! mas e depois num abraço sentido de velozes consignações à toa
sempre dá para o reencontro, para o doloroso momento do exorcismo
e apenas esquecer os fantasmas de olhos virados para um decote
generoso de cintilantes seios em pose de extrema candura
Ah! os seios, a boca ansiada, aveludada, encarniçada, molhada
apenas um beijo nessa boca, fora da toca num dia em que ninguém
convoca a desilusão de ouvir uma enorme e elaborada mentira.
O sonho comanda tudo menos a liberdade, seja do mártir
seja do sonho cor de rosa, das meninas animadas, enfrascadas
e muito suadas do sexo quente, da vida e da frontalidade
vitórias breves no cansaço, na desistência enfastiada
onde chega o amor para nos enrolar no seu eterno manto de ansiedade
loucura que até pode um dia vir a ser toda a ternura!