MÃE DE POETA
De você veio o primeiro passaporte,
De longe, de fora deste planeta,
E do éter ao seu útero, tive sorte,
E feito vivo, girei minha ampulheta
Pela vez primeira, longe da morte.
E você me deu uma longa carona,
E mergulhado, eu assim me fazia forte,
Ainda que fosse pouca a androsterona...
Aí, pelo que vivi, me vi maduro,
E o mundo vivente via, e eu aparecia,
E fazia-me ouvir, saído do escuro...
Queria ficar lá, onde adormecia,
Mas você, a mostrar o tal do futuro,
Aí ouvi a palavra, o verso, e a poesia...