Saudades do olhar mais profundo que conheço
Vitórias arrancadas a ferro sem esboçar o mais pequeno tédio
Todos os sustos do mundo guardados no coração só para não me preocupar
Eu quero sempre lembrar-te
Mesmo assim à distância de um telefone
Mesmo que baste ouvir a minha voz sem precisar de fingir alegria que não tenho
Fazes hoje anos
Sempre quiseste que te enviasse um postal só a dizer olá
Apenas entregue por mim, apenas a mostrar algum amor
Sabes que nem sempre podemos estar de acordo
Mas também sei que não podia ter outra Mãe
E quase sempre a razão foge-me para o sentimento
Amor e ódio
Quando se trata de ti nada é pacifico
Sinto-te sempre a falta
Falta do que não tivemos
Falta do que ainda podemos ter
Falta do que não temos no dia-a-dia
E nem sempre é visível e iluminado
Quero que saibas que te amo
Apesar de o saberes
Apesar do calor desse amor te envolver o coração
Apesar de me sentir amado por ti
Mãe
Hoje fazes anos e não estás aqui
Rondas o mundo a quatro mil quilómetros
Com o pensamento dentro de mim
Sinto que a falta que nos fazemos é mútua
Apesar da frieza que nos tentam impingir
E que nós ignoramos!
Amo-te!
Manuel Marques
in O MEDO DO DIA SEGUINTE , 2007