OS TEUS OLHOS SÃO MAIS VERDES QUANDO CHORAS
Os teus olhos, meu amor,
diz que são verdes, fatais,
às ondas do mar, iguais.
Mas olha, quando navego
à mercê das marés tuas,
sou casca de noz sem leme,
e todo o céu se derrama,
cinza, chumbo, raio e chama,
e do verde que diz que são,
não, não lhes vejo cor nenhuma...
Os teus olhos, meu amor,
diz que são verdes, serão!...
mas que cor tem a esperança,
se me mata a cor vadia,
indefinida maresia
do olhar com que fulminas
o sonho que me adivinhas
e me tolhes por paixão...?
(dizes tu, por ilusão...)
não, não lhes vejo esperança alguma...
Dos teus olhos, meu amor,
vi só hoje o verde puro,
quando me olhaste, inseguro...
e o verde afogado em lágrimas,
raiado de sofrimento,
fez-se da cor de esmeralda
(ou da dor da tua alma...),
e os meus olhos, meu amor,
tingidos dos olhos teus...
ah, viram esperança, sim senhor!...