Eu prefiro o silêncio. Cá do porto
é melhor esquecer velhas feridas.
Do futuro me acenam novas vidas;
do passado o que trago é velho e morto...
Eu escuto o silêncio. Meu presente
vem da brisa que, branda, balbucia
e me empresta a doçura da poesia,
repetindo que a vida segue em frente...
Eu mergulho em silêncio. No remanso
ouço doce canção de nobre rima.
Cá embaixo me sinto tão acima
Que me aninho no leito e ali descanso...
Venho à tona em silêncio. Docemente
Me liberto de mim, sem despedida.
Abotôo a couraça, visto a vida
e me dou o silêncio de presente.
Buritizeiro–MG, 10 de março de 2010 (15h50)