Sou triste por natureza, sabe Deus qual a razão dessa infeliz propensão. Quando o pesar faz-me presa e me isola em sua mão faz sangrar-me o coração; verto versos de tristeza De outra sorte, todavia, também sei ficar contente como fica toda gente. Quando explode a euforia vejo tudo, de repente, de uma forma diferente; verto versos de alegria. Neste mundo que é de dor tanta gente há que é impura que me fere a compostura. Quando sinto dissabor e me perco em amargura eu só conheço uma cura: verto versos de rancor. O destino é uma criança bailando entre vida e morte num clamor que nos exorte. Quando adentro nessa dança o sonho vive mais forte e acreditando na sorte verto versos de esperança.
Sei que às vezes, na verdade solidão se chega em mim e parece não ter fim. Quando o vazio me invade não me abato tanto assim. Se não há ninguém por mim verto versos de saudade. Por qualquer razão que for me transbordo todo dia, me vertendo em poesia. Mesmo assim sou sofredor pois há uma triste ironia: verto versos por magia mas não sei verter amor.