Diante de um novo amor
Quero trabalhar, até insisto, mexo aqui, mexo ali.
Mas você apressa-se do coração aorta à fora.
Vem pelas veias dos braços, e chega aos dedos.
Assalta a minha mão e faz-me escrever para você.
Comandos de software transformam-se em delícias de amor…
Você, arrojada e urgente, não quer saber.
Sem dó apossa-se, agora de vez,
De meu coração, mente, dedos e vida.
Cá estou, por cima da programação,
Escrevendo sobre nós…
Sei lá, podem chamar do que quiserem…
Mas, insisto, não é paixão…
Acho que não, é uma coisa diferente,
Da família da paixão, talvez uma nova versão…
Recuso-me, penso rebelde,
Em usar as palavras já usadas em paixões passadas.
Recuso-me, decido,
Em buscar nem meus sentimentos amortecidos,
Forças para reconhecer você.
Não o faço.
Tudo é novo.
As palavras são novas…
Os sentimentos também o são.
Por isso que, ainda completamente perdido,
Não consigo usar a palavra paixão…
Talvez seja mais que paixão…
É amor…, não, não, não… amor não!
Oh Deus, quanto escrevi sobre o amor!
Quanto derramei-me em sua busca!
Quantas vezes o vi ir-se
Sem deixar-me entendê-lo…
Não, não, não!
Grita desesperada a minha consciência,
Recusando-se a entregar-se ao amor…
Para mim o amor teria de ser mais dolorido, mais difícil...
Em outras ocasiões sempre o fôra.
Não seria assim, do jeito que está sendo…
Perplexo, estou ao ponto de, humildemente,
Compreender que antes nunca amara…
Nunca sentira o que hoje sinto…
Sim, sim, sim… este é o amor!
Ele não veio pela porta da frente.
Não bateu palmas no portão do meu coração.
Não apresentou-se educado e comedido,
Como eu esperaria que viesse.
Eu o atenderia feliz e, talvez, de forma soberba,
Pensaria dominá-lo, dirigi-lo e usá-lo
Como inspiração para os meus poemas, enfim…
Mas não foi assim,
Ele veio por cima, sem avisar,
Derramou-se sobre mim
Sobrepujando a minha arrogância e soberba.
Não o tive de frente para cumprimentá-lo, recebê-lo.
Simplesmente assaltou-me e instalou-se.
No entanto, aqui estou, feliz e entregue.
Humilde, tentando compreendê-lo.
Nada do que eu sabia irá servir agora...
Terei de escrever tudo novamente,
Reaprender tudo de novo.
Terei de reiniciar a minha vida agora…
Bem, mas já dizia a voz da sabedoria,
Que a vida começa aos quarenta…