LEMBRA-TE, HOMEM, QUE ÉS PÓ...
arde-me nos olhos o fumo esvaído
dum cigarro em riste que gasto, ausente
de mim mesmo triste, gesto displicente
ao queimar da vida, e dela distraído
sigo o desfalecer do nada que sou,
entrego-me às cinzas, queimando comigo
as páginas lisas onde meu castigo
se escreveu de cor no papel que vou
dar de testemunho a quem me seguir
as pisadas breves em busca do nada,
escondendo as sebes que me flagelaram,
pois que da empresa, nem por atingir,
o melhor é o sonho que em si a guarda...
na terra deponho vestes que me alaram!